segunda-feira, julho 02, 2012

ATIVO VALIOSO

ATIVO VALIOSO A formação de coleções pelos bancos não é novidade. O fenômeno ganhou força a partir dos anos 60, com o crescimento do setor financeiro no Brasil. “Momentos de economia crescente têm grande influência sobre o mercado de arte”, diz Elly de Vries, coordenadora do Acervo Cultural do Santander. No início, as obras eram adquiridas por diretores e presidentes que queriam humanizar os espaços ou recebidas como pagamento de dívidas de colecionadores e artistas. Algum tempo depois, as empresas perceberam que tinham um ativo valioso – e, aos poucos, foram profissionalizando a gestão dos acervos. Os resultados para a população em geral começam a vir agora: uma onda de exposições e criação de espaços culturais dentro das empresas (da Pirelli, no MAM, recentemente, em São Paulo, ou do Santander, na sede, também em São Paulo, por exemplo). Algumas companhias têm especialistas como curadores de suas coleções. Outras criaram institutos – um dos mais antigos é o Itaú Cultural, responsável pela gestão das obras que pertencem ao Itaú Unibanco. Além de enfeitar os ambientes, as pinturas e esculturas passaram a ser expostas em espaços públicos, como museus e galerias de arte. “As obras são do banco, mas fazem parte do patrimônio do país e precisam ser compartilhadas”, afirma Elly, do Santander. A BM&FBovespa criou um espaço cultural próprio no centro de São Paulo para expor as obras de seu acervo. São, em média, três exposições por ano. Para esses eventos, Márcia Falsetti, responsável pelo acervo, convida curadores que combinam obras da instituição com outras de coleções particulares para compor o tema das mostras. Sempre com entrada gratuita, as exposições entram na conta da responsabilidade social e da maior exposição da marca BM&FBovespa. A média de público chega a 15 mil visitantes. “Um evento sobre Cândido Portinari recebeu um grupo de moradores de rua que nunca tinha tido acesso à arte. Foi emocionante acompanhar a reação deles ao observar os quadros”, diz Márcia. O Itaú foi além na democratização do acesso a seu acervo. Obras de arte e tecnologia de nomes como Edmond Couchot, Daniela Kutschat, Regina Silveira e Rejane Cantoni foram colocadas em sete estações do metrô de São Paulo. A exposição Arte Cibernética ficou em cartaz entre os meses de abril e maio do ano passado nas paradas Brás, Itaquera, Paraíso, República, Sé e Tiradentes. “Apesar de as obras ficarem em lugares de grande circulação, são respeitadas pelo público”, afirma Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural. Além do conhecimento de história da arte, os profissionais responsáveis pelos acervos contam com a tecnologia para catalogar as obras com localização exata e histórico de empréstimos. No Itaú Cultural, esse trabalho é realizado por uma equipe de seis pessoas, que utiliza um software feito sob medida para registrar as obras do imenso acervo. O tratamento museológico que vem sendo dado aos acervos corporativos inclui o trabalho de avaliação – embora o valor de seu patrimônio permaneça em segredo. A BM&FBovespa está iniciando a reavaliação de suas obras. A tarefa deve ser concluída no final de 2012. O Banco do Brasil também está em processo de reorganização do seu acervo, com a revisão de catálogos, reavaliação de obras, restauração, reforma e digitalização. “Esse tipo de trabalho precisa ser feito pelo menos a cada quatro anos, porque o valor da obra e também do artista muda”, diz Márcia, da BM&FBovespa. Por Silvia Balieiro

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